terça-feira, 10 de agosto de 2010

“Quem poupa o lobo, sacrifica a ovelha”

O “bode”... não era a ovelha? Isso mesmo, nesta história a ovelha é o bode...

Quem já foi o "bode expiatório" em alguma situação?

Pois eu acabei de experimentar, pela primeira vez, desse gosto do gesto covarde... dizem que tem sempre uma primeira vez para tudo... rs... covarde porque esconde conluios, artimanhas e articulações entre pessoas de caráter duvidoso que para voltarem a manter a aparência de que podem conviver em paz, precisam dar nome ao bode e afastá-lo da forma mais bizarra... assim nossos pilantras podem fazer o joguinho do "o amor é lindo"... como neste caso o bode fui eu, posso afirmar que fui a escolha mais lógica... aquela pessoa incapaz de fazer mal a quem quer que fosse, que não carrega a vingança no coração, que sempre é honesta consigo mesma... claro que o bode tinha de ser eu... pessoas que se odiavam e se agrediam, mas que por medo uns dos outros precisavam entrar em um acordo informal... de quem é a culpa das desavenças? Do mais corajoso da parada é lógico... daquele que não faz arranjos oportunistas, que está sempre trabalhando e não circula pelos porões... bingo, do diferente é lógico... embora estivessem em lados opostos eram muito iguais na capacidade de passar por cima de seus valores bons ou maus para não se sentirem ameaçados uns pelos outros...

Exposições do bode: primeiro, seu anjo da guarda, que confundo com intuição, sopra em seu ouvido que o melhor é você pular fora porque tem cheiro de enxofre no ar... você avisa que tá pulando fora... os dois lados em guerra ficam preocupados porque o bode tá fugindo, ele precisa primeiro ser nomeado e abatido para que fique claro que foi sacrificado... o bode é poder de barganha, a moeda de troca... o prêmio dos arranjos... então você é iludida e te fazem acreditar que seu anjo da guarda tava de sacanagem com você, então quando já está relaxada, dão o bote e te apedrejam em praça pública... uns cobravam pelo bode abatido e outros fizeram a promessa de abater o bode... serviço realizado, os dois grupos podem participar do banquete em comemoração ao sucesso da missão... e fazem a festa do “o amor é lindo”...

Depois de abatido, vem a revolta do bode, em seguida, a melancolia... depois você começa a rir aos poucos porque se dá conta de que te fizeram um bem... te afastaram do pior tipo de pessoas sobre a face da Terra... os covardes...

O orgulho ferido te deixa com algumas marcas, mas são marcas de quem não pertencia ao grupo de abutres... ai você começa a sentir uma paz interior... o sono das várias noites sem dormir... a fome de viver a vida de mãos limpas... o gosto de erva doce... e a calma vai te aliviando do peso... você está livre... livre! Livre de tudo aquilo de uma vez por todas... aquele cinismo que você não vai precisar mais sentir... e ai você sente uma vontade enorme de voar por outras bandas... talvez você esteja mais calejado e menos peito aberto, mas com certeza você se manteve honesto com a vida que escolheu viver...

Eu tive muita sorte, não estive só em nenhum momento... no meio daquela gentalha toda, existe um igual que nunca me deixou desamparada... ficou todo o tempo ao meu lado... mas uma andorinha não faz verão... entre meus pares existia um amigo... entre os próximos não pares existem vários anjos, que me ofereceram seus ombros para ampararem minhas lágrimas... que me fizeram sentir suas mãos acariciando meus cabelos... não, o mundo não é tomado de abutres... que fiquem todos os abutres com suas carniças sem vida, porque eu me sirvo e sirvo outros de carne fresca...

Agora, passadas algumas horas do momento derradeiro... estou derramando lágrimas ao me lembrar de todos os sórdidos detalhes para me expressar neste espaço... mas já são lágrimas do frescor que meus algozes nunca experimentarão...

Quem aposta por quanto tempo vai durar aquela trégua entre covardes? Não demora muito e vão começar a se estranhar... vai começar o joguinho de “eu sei o que você fez no verão passado”... até que precisem nomear um novo bode... rs

E eu... estarei voando, ainda não sei para onde... mas para que pressa? Não demora e meu anjo da guarda me faz uma visita ao pé do meu ouvido para dizer por onde é melhor... e lá vou eu correr novos riscos!

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