sábado, 11 de setembro de 2010

No fim é você com você mesma...

Fiz um curso de oratória... sempre gostei de falar para as pessoas do que gosto, do que acredito... sempre gostei de ouvir pessoas falando de suas coisas... a pouco tempo, descobri gostar de falar para muitas pessoas sobre meu trabalho, sobre ações profissionais ou sociais com as quais comungo... mas, nunca antes, tive contato com técnicas para isso... fazia isso instintivamente, com o coração e muita alegria... dando o melhor de mim... mas era isso suficiente? Como descobri gostar de divulgar e defender meu trabalho para muita gente, acreditava que deveria fazer isso com a maior qualidade técnica possível... então, acabei em um curso de oratória...

O curioso é que, de cara, o assunto foi, nossos medos, limites e dificuldades internas... ou seja, o público interno é o maior vilão nessa história... rs... a turma para fazer o curso foi formada por uns 20 dirigentes sindicais, meus pares, pessoas que defendem o interesse de suas classes profissionais com o propósito de fortalecê-las... a maioria é de obstinados, não reconhecidos e quase sempre mal interpretados... rs... sério, ninguém quer ter trabalho para fazer a gestão e divulgação de um sindicato, mas não suportam que o diretor atuante tenha destaque... coisa de doido mesmo... coisa da vaidade humana...

Acontece que, por lá aconteceu o mesmo problema que tem norteado minha vida nos últimos tempos... no primeiro dia estava vestida para festa... tinha um coquetel após o curso e não tinha como vir em casa trocar de roupa, o jeito foi passar o dia bem vestida... demais para o curso, mas na medida certa para o coquetel... iniciamos por nos apresentar e falar o motivo que nos levou até ali... eu estava entusiasmada, feliz com a oportunidade, agradecida mesmo... minha primeira fala foi eloqüente, apaixonada, verdadeira e transparente em relação ao prazer que sinto em falar em público, mas senti como sempre sinto... não sei porque tenho de perceber tanto o que ocorre a minha volta, as vezes fico com muita raiva de tão nitidamente enxergar como as pessoas estão tomadas... incomodei as pessoas, incomodei mesmo... fui diferentemente criticada... a idéia era apresentar erros de oratória e estavam falando que se sentiram incomodados com o quanto falo alto... ok, falo alto mesmo, com microfone fica mais alto ainda... mas ao apresentarem esta fala não foi da forma convencional e como era dito aos demais... “o melhor é afastar o microfone, pois você já tem um timbre alto de voz”... comigo foi assim, “você incomodou meus ouvidos”... aff, lá estava eu incomodando novamente...

Todos melhoraram muito com o curso de dois dias... eu piorei, perdi a autenticidade e o entusiasmo... fiquei me perguntando se tenho dificuldade de receber criticas, mas não tenho de verdade... inclusive, tentando não dar muita importância aos meus sentimentos, fui natural em dizer que concordava, que minha voz é alta mesmo e que precisava perder o vício de ficar com o microfone perto da boca... mas senti, durante todo o tempo e também no dia seguinte que, algumas pessoas não se sentiam a vontade comigo... o engraçado nisso é que, sou extremamente simpática, sou carinhosa e atenciosa com todas as pessoas e depois daquelas “críticas veladas” à minha imagem, pois a maioria não me conhecia como pessoa, continuei tratando a todos muito bem e com verdade, pois desejava dar a todos a oportunidade de me conhecerem... dai que tudo ficou pior, as pessoas ficaram sem graça de terem tido uma imagem distorcida de mim e não conseguiam me encarar... como se não pudessem acreditar que com a minha “imagem” eu pudesse ser uma pessoa simples e de bom relacionamento com qualquer pessoa...

Apesar disso, aprendi muita coisa e vou continuar na extensão do curso... vou continuar buscando fazer o que gosto com mais qualidade... não vou me abater! Isso é certo!

Eu disse que coisas semelhantes estavam me norteando, pois é... isso está ficando chato... no meu sindicato, ninguém quer perder tempo em representar a instituição nos congressos, em viagens, em eventos sociais, mas quando você começa a aparecer em matérias na mídia e ser elogiada por pessoas influentes a coisa pega... você não pode brilhar! Tem de ser só um “burro de carga” sem brilho a serviço do outro... senão, as pessoas são implacáveis e te puxam o tapete...

Tudo o que escrevi até agora foi para lhes dizer que sempre é com você mesmo... no fim é você com você... a especialista que ministrou o curso de oratória em seu discurso final citou o texto abaixo... legal isso, não sou a única a ter sensibilidade exagerada nessa vida...

"Muitas vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas. Perdoe-as assim mesmo! Se você é gentil, podem acusá-lo de egoísta, interesseiro. Seja gentil assim mesmo! Se você é um vencedor terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros. Vença assim mesmo! Se você é bondoso e franco poderão enganá-lo. Seja bondoso e franco assim mesmo! O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para a outra. Construa assim mesmo! Se você tem paz e é feliz, poderão sentir inveja. Seja feliz assim mesmo! O bem que você faz hoje, poderão esquecê-lo amanhã. Faça o bem assim mesmo! Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante. Dê o melhor de você assim mesmo! Veja você que, no final das contas é entre você e Deus. Nunca foi entre você e os outros!" (Madre Teresa de Calcutá)

Mas que eu desejo ser menos ligada, desejo sim... gostaria de descansar com um pouco de alienação... mais esse olhar 360° não me abandona...

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